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domingo, 1 de fevereiro de 2015

"Livre Arbítrio"




Livre Arbítrio fecha aspas

Eis o meu resumo sobre o livre arbítrio:
Ter um revólver apontado para sua cabeça como principal orientador na tomada de decisão da forma em que você irá se situar no mundo, de acordo com a “libertadora” e muito coerciva moral cristã.

Vejamos o seguinte e controverso exemplo sobre o tema (que por sinal está muito presente em nosso cotidiano):
Considerando que eu sou homossexual - e essa para mim é uma condição imutável* – devo supor que, para que minha alma seja salva, devo oprimir parte de minha existência - de acordo com a moral cristã e por meio da graça divina - de algo inato a minha vida, ou seja:
Reprimir/Dissociar parte de minha existência em favor do ultimato cristão “a homossexualidade é pecado”  ou então
Ser corajoso o suficiente para tomar uma decisão assertiva que possui papel fundamental para minha felicidade.

Devo escolher entre a liberdade e a verdadeira aceitação pessoal - acompanhada do futuro fogo eterno – ou então, o júbilo hipócrita acompanhado pela vida temporal medíocre e a posterior e indubitável promessa de salvação divina.

*Fato controverso para muitos religiosos.

O livre arbítrio quando descrito em temas cotidianos semelhantes a este não configura a liberdade e tampouco o arbítrio - possibilidade de escolha –; afinal, considerando a premissa que a bíblia e seus preceitos são realmente verdadeiros, aceitá-los e segui-los não consistem necessariamente numa escolha se a destruição no fogo imperecível é uma realidade, certo?
Só um louco não aceitaria os termos de tão escuso contrato !
Logo, para mim, configura mais uma forma de opressão, mascarada num discurso raso de amor incondicional, quando, na verdade, está implícito que devemos nos adaptar às inúmeras condições para que sejamos salvos.
Dou este exemplo, pois já vi a comicidade trágica de cristãos que ao adaptarem sua personalidade conforme o “código-de-conduta-do-bom-samaritano” convergiram, inevitavelmente, em termos comportamentais e de formas de pensamento, até se tornarem um massificado e limitado “corpo” de pessoas que não possuem a própria face (tampouco da revolucionária figura de Jesus Cristo).
O que acontece é o seguinte: A Igreja - principalmente a protestante – possui um fortíssimo modelo/símbolo presente na figura ideal de Cristo, que faz com que todos os seus seguidores confessos e convictos tentem adequar seu comportamento e forma de vida segundo seu mais importante modelo; no entanto – segundo a própria bíblia - muitos se esquecem de que a própria salvação é fruto da graça (bem que nos é dado mesmo sem ser merecido) e que todos seus esforços DESUMANOS para se adequarem a estruturas de comportamento e pensamento extremamente rígidas no fundo só tem como objetivo convergir cada membro de uma congregação a modelos de personalidade que propriamente não lhe pertencem, transformando-os em pessoas sem quaisquer tipo de identidade; a não ser a coletiva.
É até mesmo irônico; o preceito de deixar que o mesmo Cristo habite em suas vidas e a controle conforme a sua vontade é projetada por meio das escrituras bíblicas, que por sua vez resulta numa massa de pessoas sem a própria face; a não ser àquela proporcionada pelo Deus profundo que neles superficialmente habita.
Aí temos uma importante prova que em meios com forte ideologia - independente de ela ser política, econômica ou religiosa – podemos observar pessoas com baixíssimos graus de discernimento a respeito de quais decisões são conscientemente tomadas por elas mesmas: O famoso livre arbítrio !

A seguinte palavra – presente no meio protestante com uma peculiar significação – nos demonstra de que modo isso ocorre:


Dicionário Gospel
MUNDO adj.  1 Termo usado no meio evangélico para designar de modo maniqueísta e pejorativo todas as pessoas que não pertencem ao corpo de Cristo e as convicções que lhe dizem respeito. 2  O Mundo são como os bárbaros: Grupo étnico não grego da antiguidade (veja que está implícito a inferioridade; embora para alguns cristão isso não pareça lógico).

Essa cisão parcial-idealista-ilusória de alguns grupos religiosos com a sociedade (Mundo) só corrobora para um estreitamento de visão de pessoas que consideram tudo como 8 ou 80.
Digo isso apenas por experiência; a partir do momento que participei ativamente de qualquer tipo de congregação, a separação de algumas amizades - inclusive as benéficas – vieram no pacote, o que configura uma forma de pensamento de pessoas com baixos graus de convicção e consciência de responsabilidade própria. Viu, eu também sei me autocriticar !
Ouvi de um grande amigo meu que, por ser cristão, inevitavelmente se distanciou de queridos colegas antigos:
Na ocasião estávamos eu e meu irmão conversando com ele durante um encontro na casa de uma moça da igreja que frequentávamos:
- E então brother, quando é que nós vamos marcar de ver a galera das antigas, fulano e ciclano e tals...
- Então cara, não sei... É que agora nós estamos numa pegada diferente...

Como se o convívio de pessoas com “baixo grau de depuração” pudesse contamina-lo moralmente de algum modo - algo comumente presente em pessoas com baixíssimo grau de convicção e identidade.

O que me leva a outro ponto demasiado medíocre: A de pessoas que se “desviaram”.


Dicionário Gospel
DESVIAR v.t.d  1 Pessoa presente em determinada congregação por um período significativo de tempo, que abandona sua fé; o que implica - segundo o preconceito cristão - em retrocesso moral. Pessoa que se desviou dos caminhos de Cristo.

Já presenciei inúmeros jovens cristãos que ao “desviarem da igreja” vão direto para o puteiro ou encher o cu de cana (hahah).
.

Lembra-se da aposta de Pascal ?
Pois ela dizia o seguinte: Embora,segundo Pascal, não houvesse racionalmente argumentos que justificassem a existência de Deus - e de fato não há – nada mais conveniente do que crer em sua existência, uma vez que, caso Deus exista, é mais interessante viver uma vida segundo seus preceitos e resignar-se a uma vida mais limitada na Terra e receber a vida eterna, do que aproveitar a vida terrena da forma que nos convém e passar a eternidade no inferno.
Embora segundo a bíblia, nenhum ato humano - a não ser o sacrifício de Jesus e a dependência de sua graça – seja suficiente para que estivéssemos aptos para herdar a salvação, logo, nenhum ação ou escolha levando em consideração apenas a vida eterna no paraíso seria suficiente para que você fosse justificado perante o pecado.
Ou seja, se não for genuíno não rola !

Obs: No momento oportuno irei elucidar também algumas peculiaridades e incoerências da sexualidade e o papel da mulher no meio cristão.


Ficando apenas esta minha última palavra aos cristãos que se identificaram com o alvo de minhas críticas:



- Vejo vocês no inferno.