Livre Arbítrio fecha
aspas
Eis o meu resumo sobre o livre arbítrio:
Ter um revólver apontado para sua cabeça como principal
orientador na tomada de decisão da forma em que você irá se situar no mundo, de
acordo com a “libertadora” e muito coerciva moral cristã.
Vejamos o seguinte e controverso exemplo sobre o tema (que
por sinal está muito presente em nosso cotidiano):
Considerando que eu sou homossexual - e essa para mim é uma
condição imutável* – devo supor que, para que minha alma seja salva, devo
oprimir parte de minha existência - de acordo com a moral cristã e por meio da
graça divina - de algo inato a minha vida, ou seja:
Reprimir/Dissociar parte de minha existência em favor do
ultimato cristão “a homossexualidade é
pecado” ou então
Ser corajoso o suficiente para tomar uma decisão assertiva
que possui papel fundamental para minha felicidade.
Devo escolher entre a liberdade e a verdadeira aceitação
pessoal - acompanhada do futuro fogo eterno – ou então, o júbilo hipócrita acompanhado pela vida temporal medíocre e a posterior e indubitável
promessa de salvação divina.
*Fato controverso para muitos
religiosos.
O livre arbítrio quando descrito em temas cotidianos semelhantes
a este não configura a liberdade e
tampouco o arbítrio - possibilidade de
escolha –; afinal, considerando a premissa que a bíblia e seus preceitos são
realmente verdadeiros, aceitá-los e segui-los não consistem necessariamente
numa escolha se a destruição no fogo imperecível é uma realidade, certo?
Só um louco não aceitaria os termos de tão escuso contrato !
Logo, para mim, configura mais uma forma de opressão,
mascarada num discurso raso de amor incondicional, quando, na verdade, está
implícito que devemos nos adaptar às inúmeras condições para que sejamos
salvos.
Dou este exemplo, pois já vi a comicidade trágica de
cristãos que ao adaptarem sua personalidade conforme o “código-de-conduta-do-bom-samaritano” convergiram, inevitavelmente,
em termos comportamentais e de formas de pensamento, até se tornarem um
massificado e limitado “corpo” de pessoas que não possuem a própria face
(tampouco da revolucionária figura de Jesus Cristo).
O que acontece é o seguinte: A Igreja - principalmente a protestante
– possui um fortíssimo modelo/símbolo presente na figura ideal de Cristo, que
faz com que todos os seus seguidores confessos e convictos tentem adequar seu
comportamento e forma de vida segundo seu mais importante modelo; no entanto –
segundo a própria bíblia - muitos se esquecem de que a própria salvação é fruto
da graça (bem que nos é dado mesmo sem ser merecido) e que todos seus esforços DESUMANOS para se adequarem a
estruturas de comportamento e pensamento extremamente rígidas no fundo só tem
como objetivo convergir cada membro de uma congregação a modelos de
personalidade que propriamente não lhe pertencem, transformando-os em pessoas
sem quaisquer tipo de identidade; a não ser a coletiva.
É até mesmo irônico; o preceito de deixar que o mesmo Cristo
habite em suas vidas e a controle conforme a sua vontade é projetada por meio
das escrituras bíblicas, que por sua vez resulta numa massa de pessoas sem a
própria face; a não ser àquela proporcionada pelo Deus profundo que neles superficialmente
habita.
Aí temos uma importante prova que em meios com forte
ideologia - independente de ela ser política, econômica ou religiosa – podemos observar
pessoas com baixíssimos graus de discernimento a respeito de quais decisões são
conscientemente tomadas por elas mesmas: O famoso livre arbítrio !
A seguinte palavra – presente no meio protestante com uma
peculiar significação – nos demonstra de que modo isso ocorre:
Dicionário Gospel
MUNDO adj. 1 Termo usado no meio evangélico para designar
de modo maniqueísta e pejorativo todas as pessoas que não pertencem ao corpo de
Cristo e as convicções que lhe dizem respeito. 2 O Mundo são como os bárbaros: Grupo étnico não
grego da antiguidade (veja que está implícito a inferioridade; embora para
alguns cristão isso não pareça lógico).
Essa cisão parcial-idealista-ilusória de alguns grupos
religiosos com a sociedade (Mundo) só corrobora para um estreitamento de visão
de pessoas que consideram tudo como 8 ou 80.
Digo isso apenas por experiência; a partir do momento que
participei ativamente de qualquer tipo de congregação, a separação de algumas
amizades - inclusive as benéficas – vieram no pacote, o que configura uma forma
de pensamento de pessoas com baixos graus de convicção e consciência de
responsabilidade própria. Viu, eu também sei me autocriticar !
Ouvi de um grande amigo meu que, por ser cristão, inevitavelmente
se distanciou de queridos colegas antigos:
Na ocasião estávamos eu e meu irmão conversando com ele
durante um encontro na casa de uma moça da igreja que frequentávamos:
- E então brother, quando é que nós vamos marcar de ver a
galera das antigas, fulano e ciclano e tals...
- Então cara, não sei... É que agora nós estamos numa pegada
diferente...
Como se o convívio de pessoas com “baixo grau de depuração”
pudesse contamina-lo moralmente de algum modo - algo comumente presente em
pessoas com baixíssimo grau de convicção e identidade.
O que me leva a outro ponto demasiado medíocre: A de pessoas
que se “desviaram”.
Dicionário Gospel
DESVIAR v.t.d 1 Pessoa presente em determinada congregação
por um período significativo de tempo, que abandona sua fé; o que implica -
segundo o preconceito cristão - em retrocesso moral. Pessoa que se desviou dos
caminhos de Cristo.
Já presenciei inúmeros jovens cristãos que ao “desviarem da
igreja” vão direto para o puteiro ou encher o cu de cana (hahah).
.
.
Lembra-se da aposta
de Pascal ?
Pois ela dizia o seguinte: Embora,segundo Pascal, não
houvesse racionalmente argumentos que justificassem a existência de Deus - e de
fato não há – nada mais conveniente do que crer em sua existência, uma vez que,
caso Deus exista, é mais interessante viver uma vida segundo seus preceitos e
resignar-se a uma vida mais limitada na Terra e receber a vida eterna, do que
aproveitar a vida terrena da forma que nos convém e passar a eternidade no
inferno.
Embora segundo a bíblia, nenhum ato humano - a não ser o
sacrifício de Jesus e a dependência de sua graça – seja suficiente para que
estivéssemos aptos para herdar a salvação, logo, nenhum ação ou escolha levando
em consideração apenas a vida eterna no paraíso seria suficiente para que você
fosse justificado perante o pecado.
Ou seja, se não for genuíno não rola !
Obs: No momento
oportuno irei elucidar também algumas peculiaridades e incoerências da
sexualidade e o papel da mulher no meio cristão.
Ficando apenas esta minha última palavra aos cristãos que se
identificaram com o alvo de minhas críticas:
- Vejo vocês no inferno.